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domingo, 30 de novembro de 2008

Cacá Diegues grava depoimento para o MIS

Na ultima semana de Novembro Cacá Diegues participou do projeto 'Depoimentos para Posteridade', do Museu da Imagem e do Som, na Praça XV. A mesa de entrevistas foi composta pelo jornalista Arthur Xexéo, os também cineastas Gustavo Dahl e Walter Salles e a atriz Zezé Motta, que ajudaram a relembrar os momentos mais marcantes da vida e carreira do cineasta.

Carlos Diegues nasceu em Maceió, Alagoas, em 19 de Maio de 1940, mas logo se mudou para o Rio de Janeiro. Foi na sua adolescência que sua paixão pelo cinema começou, escrevendo críticas do filmes após vê-los. Foi nos encontros semanais na Cinemateca do MAM no ABI onde conheceu pessoas com a mesma ideologia e que descobriu que podia ser cineasta.

Na década de 50, Cacá Diegues se tornou um dos líderes e fundadores do Cinema Novo, assim como Glauber Rocha. Foi o Cinema Novo o responsável por trazer novamente à tela atores como Antonio Pitanga, Paulo Gracindo, Mario Lago entre outros. No Centro Popular de Cultura (CPC), da União Nacional dos Estudantes (UNE), dirigiu seu primeiro filme profissional em 35 milímetros, "Escola de samba alegria de viver". Foi durante o Cinema Novo que criou uma distribuidora.

“RIO 40 GRAUS” foi o filme mais marcante de sua vida. Com 15 anos de idade, Cacá Diegues foi às ruas do Rio em seu primeiro momento cívico defender a liberação do filme que foi censurado em 1955.

Em 1956 conheceu a historia de Orfeu da Conceição no Theatro Municipal com o pai, filme que levou 40 anos para rodar. Teve o pai como grande influenciador em sua vida, principalmente na formação literária, por sempre incentivá-lo a ler.

Até os anos 60, trabalhou em jornal onde entrevistou grandes nomes como Darcy Ribeiro, Gilberto Freire entre outros. Entre 1957 e 1958 publicou poesias no Jornal do Brasil influenciado por Mauro Fastino. Em 1958 prestou vestibular para direito, por exigência do pai onde conheceu Paulo Roberto,conhecido com Artur da Távola.

Távola acabou se tornando uma figura importante em sua vida profissional por convidá-lo a fazer parte do jornal da PUC e por conta das eleições para o diretório, que impulsionou sua carreira. Foi na PUC que ajudou a fundar um cineclube, onde começou suas atividades na área ao lado de Arnaldo Jabor, Paulo Perdigão, entre outros. O cineclube foi inaugurado com um filme de Stalin Kubrick que gerou certa polemica com o reitor pelos debates após a sessão.

Com participação na resistência intelectual e política à ditadura militar, Cacá Diegues deixou o Brasil em 1969 para exibição do filme “Os herdeiros” no Festival de Veneza, morando na Itália e depois na França onde produzia magazans pata TV francesa, na companhia de Nara Leão, então sua esposa, com quem teve dois filhos, Isabel e Francisco.

De volta ao Brasil, realizou mais dois filmes na fase negra da ditadura, "Quando o carnaval chegar" (1972) e "Joanna Francesa" (1973) que o ajudou no momento conturbado que estava vivendo. Chico Buarque assina a trilha sonora do filme. Em 1976, dirige "Xica da Silva", considerado um de seus filmes mais populares. No período de redemocratização do país, faz "Chuvas de Verão" (1978) e "Bye Bye Brasil" é fruto de um roteiro forte anunciando um novo Brasil, foi seu primeiro filme a concorrer no Festival de Cannes.

Desde 1981 é casado com a produtora de cinema Renata Almeida Magalhães. Entre seus 18 filmes, vale destacar ainda "Dias Melhores Virão" (1989), "Tieta do Agreste" (1996), "Orfeu" (1999) e "Deus é Brasileiro" (2002), estes três últimos adaptados de grandes obras da literatura e do teatro nacionais. Seu mais recente lançamento foi "O maior amor do mundo" (2006).

Seus filmes sempre homenageiam a cultura brasileira inspirados pelas histórias contadas pelo avô que morava em Maceió. Cacá encerrou o depoimento com a seguinte frase: “ Sou um cineasta do presente, não tenho nostalgia com o passado e nem quero passar mensagens para o futuro”.


FILMOGRAFIA E CURIOSIDADES:
2006 - O maior amor do mundo O filme foi criado com base em um personagem de Deus é brasileiro.
2003 - Deus é brasileiro Uma adaptação de um conto de João Ubaldo Ribeiro.
2000 - Carnaval dos 500 anos (curta-metragem)
1999 - Reveillon 2000 (curta-metragem)

1999 - Orfeu Entre 1981 e 1982, Cacá resolver rodar o filme e convida Vinicius de Moraes para fazer parte do filme, que não começou a ser gravado devido ao seu falecimento. O filme é uma homenagem a Vinicius de Mores e levou 40 anos para ser rodado.

1997 - For all - o trampolim da vitória (como ator)

1996 - Tieta do agreste Foi convidado por Jorge Amado e Sônia Braga para adaptar Tieta para o cinema junto à trilha sonora de Caetano. Durante as filmagens teve problemas financeiros.

1994 - Veja esta canção
1989 - Dias melhores virão retrata uma crise de indetidade protagonizada por Marilia Pêra. O filme foi para o Festival de Berlim.

1987 - Um trem para as estrelas é protagonizado por Guilherme fontes e conta com Gilberto Gil na direção musical.

1986 - Batalha do transporte (curta-metragem)
1985 - Batalha da alimentação (curta-metragem)
1984 - Quilombo Foi feito em Xerem e levou 6 meses para ser rodado devido a chuva. José Wilker foi substituido por Daniel Filho por conta dos atrasos das filmagens.

1979 - Bye bye Brasil
1978 - Chuvas de Verão

1976 - Xica da Silva Considerado seu maior sucesso, foi rodado em Diamantina durante Natal e Reveillon de 1974 e Carnaval de 1975 e protagonizado por Fabio Jr e Betty Faria. É considerado pelo próprio como suas férias pessoais e sua volta por cima. A história do filme surge no carnaval de 1963. Convidou Chico Buarque para fazer a trilha sonora do filme.

1975 - Aníbal Machado (curta-metragem)
1974 - Cinema Íris (curta-metragem)
1973 - Joanna francesa
1972 - Quando o carnaval chegar
1971 - Receita de futebol (curta-metragem)
1969 - Os herdeiros
1967 - Oito universitários (curta-metragem)

1966 - A grande cidade que considera como transcição do Cinema Novo para o Contemporâneo por conta do periodo politico do país.

1965 - A oitava Bienal (curta-metragem)
1964 - Ganga Zumba
1962 - Cinco vezes favela (Episódio: Escola de Samba Alegria de Viver)
1961 - Domingo (curta-metragem)
1960 - Brasília (curta-metragem)
1959 - Fuga (curta-metragem)


Sobre o projeto 'Depoimentos para Posteridade'

Em 1966, o MIS inaugurou o projeto “Depoimentos para Posteridade”, um programa de historia oral criado para preservar a memória da cultura nacional na música, literatura, cinema e artes plásticas. Atualmente conta com um acervo de mais de 900 depoimentos com quatro mil horas de material gravado em áudio e vídeo de figuras notáveis.

Todos os testemunhos ficam à disposição do público nas salas de consulta do MIS. O depoimento de Cacá Diegues fará parte do acervo a partir de segunda-feira, 01 de Dezembro.

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