O ser humano é um bicho sedento de vingança e de fácil julgamento. "A Caça" é um filme sufocante, angustiante e sobretudo muito realista. O filme nos mostra o quanto os mecanismos desse tipo de evento expõem o quão falhos eles são.
O ponto mais triste e deprimente dessa história, não é o sentimento de injustiça, o pior é ver como a imaginação do ser humano é fértil o suficiente para deturpar os fatos.
Não se sabe o que é real. O roteiro e a direção são subjetivos demais, a conclusão está na cabeça de cada um. Existem várias vertentes à serem analisadas, como por que uma criança inventaria uma mentira desse gênero? A reação (atuação) de Klara, nos remete, talvez, que existisse realmente um pedófilo (a) na escola junto com a descrição de um porão em detalhes que as crianças contavam. E a diretora que já estava espalhando uma verdade absoluta e inquestionável antes mesmo de checar os fatos.
De forma dura e realista, o filme mostra como é fácil desmoronar a vida de um ser humano, e como existem erros que são irreparáveis, mesmo com o tempo.
Por que Lucas não reagiu aos ataques da sociedade (o que nos lembra o filme "Precisamos Falar Sobre o Kevin" de 2011)? O que leva uma sociedade a definir o destino de uma pessoa que já foi absolvida pela justiça?
A estupidez humana não tem limites. O realismo de Vinterberg é fantástico, dispensa moralismos e procura dar ênfase ao psicológico das personagens.
"A Caça" é um excelente filme que critica o comodismo da sociedade de sentar, apontar e julgar, sem nem se dar ao trabalho de verificar os fatos, é como um câncer coletivo que se pode espalhar.
Tudo é muito seco e silencioso, a trilha sonora é bastante sutil e a câmera sutilmente trêmula. E as atuações são de tirar o fôlego de tão angustiantes.
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