truque de mestre

X MEN

X MEN

sexta-feira, 21 de outubro de 2011


Gus Van Sant tem uma maneira singular de filmar. É um dos poucos na indústria cinematográfica mundial, a se apropriar de um estilo autoral raramente bem dosado entre o underground e a cultura de massa.

Em seu novo filme protagonizado por Mia Wasikowska (Alice in Wonderland) e Henry Hopper (Kiss & Tell), o diretor conta delicadamente o encontro de dois jovens que tem como ponto em comum a morte.
 


Annie e Enoch se conhecem por acaso e desenvolvem uma amizade gostosa de ver nas telas do cinema, com tempo os dois se encontram apaixonados e assumem assim um namoro cheio de nuances delicadas. Um fantasma japonês, proveniente da Segunda Guerra Mundial, ajuda mais ainda essa obra ficar marcada na poesia do diretor.

Com uma trilha sonora deliciosa, o filme cresce, e a realidade do mundo se fecha sobre eles.

 Inquietos tem referências a outros trabalhos do diretor. E leva esse título por conta da inquietude de ser jovem e querer aproveitar cada segundo da vida, mesmo sabendo que vamos morrer em breve, independente de uma doença terminal.

Natural de Portland, Van Sant capta o espírito jovem por meio de uma lupa generosa e destemida, com pinceladas intensas de Poesia BEAT (as influências de Van Sant vêm por conta do seu círculo de amizades de William S. Burroughs e do poeta Allen Ginsberg).

Nos anos 60, como estudante de artes da Escola de Design de Rhode Island, conhece David Byrne e bebe diretamente da fonte da vanguarda do cinema underground nova-iorquino, de diretores como Jonas Mekas, Stan Brakhage e Andy Warhol, conhecido como o papa da POP - Art. Com tantos encontros culturais, o futuro diretor foi levado pela observação que fazia dos outsiders de Los Angeles, onde seu destino seria sem dúvida o cinema.

O interesse pelo submundo e a cultura que emerge dos esgotos, ruas e esquinas povoadas por gente de índole qualquer – entendem-se bêbados, maltrapilhos, clandestinos, jovens órfãos, garotos de programa – é um aspecto mais que latente na filmografia de Van Sant (Drugstore Cowboy de 1989, Garotos de Programa de 1991 e kids de 1995).

O diretor que já elaborou, praticamente, um dossiê da juventude norte-americana pós-moderna, multifacetada em suas várias tribos urbanas busca em Inquietos talvez uma nova faceta? Acho que não!

Ainda vemos seus estereótipos em Enoch, um garoto rebelde que não aceita a nova realidade imposta com crueldade pela vida. O relacionamento entre Enoch e sua tia, seu comportamento perante os fatos passados, a fuga da escola e a necessidade de ser ouvido e respeitado.

De todo, o filme é lindo, nos faz chorar, pensar e aprender, mas ainda assim Vant Sant não nega suas raízes.

Nenhum comentário:

Postar um comentário