"Tartarugas ninjas" foi um enorme mito
da tv nos anos 80, já tendo sido adaptado antes para a telona em diferentes
épocas, inclusive numa versão animada de 2007, não muito bem sucedida, que
tentava reapresentar estes improváveis guerreiros fantásticos para a nova
geração. A nova tentativa “Teenage Mutant Ninja Turtles” no original, de 2014,
fica indecisa entre respeitar a ansiedade dos ora mais velhos fãs oitentistas
do original e ainda alcançar os novos baixinhos que os pais levarão, misturando
live action (atores de carne e osso) com CGI (criaturas de computação gráfica),
e acaba pendendo mais para o infantil.
Já foram empregados vários estilos para as
Tartarugas, desde o desenho animado ao noir das HQs, e até os dois divertidos
filmes da década de 90. Mas o diretor da nova versão, Jonathan Liebesman,
talvez cerceado pela produção de Michael Bay (cineasta megalômano da franquia
"Transformers") acabou repetindo a dose de produto/brinquedo do amigo
produtor: merchandising vende tudo! Até se esforça no emprego de 1 lado mais
humano, desde o design das Tartarugas (com mais músculos, nariz e até
apetrechos personalíssimos) ao fato de tentar ocultar os heróis o máximo
possível, privilegiando a outra protagonista, a bela e oca Megan Fox (egressa
de "Transformers"), interpretando como se fosse uma boneca de
plástico.
Assim, o estranhamento que poderia causar ver 4 tartarugas adolescentes mutantes lutarem como ninjas contra o crime organizado, ensinadas pelo mestre Splinter que é um rato gigante, consegue ser adiado, mas adia também a oportunidade de propor mais cenas frenéticas e bem boladas como as que só ocorrem na terça parte final do filme (destaque para o melhor 3D na sequência da onda de avalanche na neve: Cowabungaaaaaa!). – Neste quesito destaca-se a bela fotografia pelo brasileiro Lula Carvalho (parceiro habitué dos cineastas José Padilha e, do pai, Walter Carvalho).
Por exageros em explosões e até no clássico vilão
Destruidor, que ao invés de expert em artes marciais parece mais um robô
transformer, percebe-se o dedo Michael Bay em criar uma nova franquia como um
produto. Pena, pois tinham mais potencial. De resto, vai agradar as crianças,
respeitando a classificação livre, e dando bom carisma principalmente para as
tartarugas favoritas: o engraçadinho Michelangelo e o descolado Rafael. Tanto
que a bilheteria mundial está contrariando a crítica e virando relativo sucesso
(a sequência ja está garantida). Vale pelos pequenos, não pelos adultos que não
tiverem filhos para levar.
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