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quarta-feira, 26 de agosto de 2015

HOMEM IRRACIONAL POR ALÊ SHCOLNIK


A vida é uma roleta russa, como um jogo de pôquer, cheio de blefes.

Woody Allen está de volta aos cinemas com uma obra um tanto questionadora! “Homem Irracional” traz um professor de filosofia em uma  grande crise existencial.

Abe Lucas leciona em uma pequena cidade dos Estados Unidos, onde conhece Jill, uma das suas alunas, que se aproxima dele devido ao enorme fascínio por seu intelecto. Ao mesmo tempo, ele é alvo de Rita, uma professora casada, que deseja ter um caso com ele.

A vida começa a ter propósito para Abe, quando, num belo dia, em um café com Jill, ele escuta a conversa da mesa ao lado, sobre a perda da guarda do filho de uma desconhecida. Algo naquela conversa o motiva e ele começa a idealizar o sentimento de justiça desta mãe, mas não por princípios morais. Pelo contrário, trata-se de uma verdadeira epifania do personagem, que ganha algum propósito na vida. Chega a ser uma transformação sádica, dentro da solidão em que vive.

Joaquin Phoenix interpreta um personagem verborrágico, que não tem perspectiva do que é e de quem é. Além disso, ele tem tendência a dramatizar a própria insignificância. É justamente aí que o diretor valoriza a sua obra, questionando o Existencialismo. 

"A existência tem prioridade sobre a essência humana, portanto o homem existe independente de qualquer definição pré-estabelecida sobre seu ser". 

É interessante observar que seu personagem tem um quê do protagonista de “Um dia de Fúria” em sua construção. São personagens muito parecidos, que perdem a motivação de viver e reagem à vida diária de forma inusitada.

A genialidade de Woody Allen não está no roteiro em si – já que o filme lembra muito “Match Point” (outro filme do diretor) –, mas, sim, nos diálogos inteligentes e nos personagens, muito bem construídos. Outro ponto forte é a narrativa, bem conduzida pelos protagonistas.

“Homem Irracional” questiona, com o humor ácido do diretor, a frustração e o desespero humano, além da insignificância do dia-a-dia e o Existencialismo. Tudo isso nos leva à discussões cujos efeitos transcendem a palavra. Imanentes de ações, os discursos, por vezes, ingenuamente compartilhados, desenham a caricatura da sociedade em que vivemos.


Bom filme!


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