A vida é uma roleta
russa, como um jogo de pôquer, cheio de blefes.
Woody Allen está de
volta aos cinemas com uma obra um tanto questionadora! “Homem Irracional” traz
um professor de filosofia em uma grande crise existencial.
Abe
Lucas leciona em uma pequena cidade dos Estados Unidos, onde conhece Jill, uma
das suas alunas, que se aproxima dele devido ao enorme fascínio por seu
intelecto. Ao mesmo tempo, ele é alvo de Rita, uma professora casada, que
deseja ter um caso com ele.
A
vida começa a ter propósito para Abe, quando, num belo dia, em um café com
Jill, ele escuta a conversa da mesa ao lado, sobre a perda da guarda do filho
de uma desconhecida. Algo naquela conversa o motiva e ele começa a idealizar o sentimento de justiça desta mãe, mas não por
princípios morais. Pelo contrário, trata-se de uma verdadeira epifania do
personagem, que ganha algum propósito na vida. Chega a ser uma
transformação sádica, dentro da solidão em que vive.
Joaquin Phoenix interpreta
um personagem verborrágico, que não tem perspectiva do que é e de quem é. Além
disso, ele tem tendência a dramatizar a própria insignificância. É justamente
aí que o diretor valoriza a sua obra, questionando o Existencialismo.
"A existência tem prioridade sobre a essência humana, portanto o homem existe independente de qualquer definição pré-estabelecida sobre seu ser".
É interessante observar
que seu personagem tem um quê do protagonista de “Um dia de Fúria” em sua
construção. São personagens muito parecidos, que perdem a motivação de viver e
reagem à vida diária de forma inusitada.
A genialidade de
Woody Allen não está no roteiro em si – já que o filme lembra muito “Match
Point” (outro filme do diretor) –, mas, sim, nos diálogos inteligentes e nos
personagens, muito bem construídos. Outro ponto forte é a narrativa, bem
conduzida pelos protagonistas.
“Homem Irracional”
questiona, com o humor ácido do diretor, a frustração e o desespero
humano, além da insignificância do dia-a-dia e o Existencialismo. Tudo isso nos
leva à discussões cujos efeitos transcendem a palavra. Imanentes de ações, os
discursos, por vezes, ingenuamente compartilhados, desenham a caricatura da
sociedade em que vivemos.
Bom filme!
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